quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Fotografia, Corpo e Diversidade - armas para luta.

A fotografia é, basicamente, como todas as outras armas: pode ser utilizada para buscar libertação, quebrar tabus e preconceitos, ou para cultivá-los.
O corpo é outra arma incrivelmente poderosa, e igualmente controversa: pode cultivar a imagem padrão que nós, meros mortais, nunca alcançaremos, mas passaremos a vida gastando nosso pobre salário tentando. Ou, pode servir para lutar, o corpo pronto pra buscar nossos direitos e pra ser valorizado com todas as diferenças. 
O corpo da mulher, especificamente, tem inúmeras marcas profundas, incutidas por uma sociedade histórica, econômica e culturalmente machista e individualista.
O nado contra essa corrente tem ganhado muita força de inúmeros grupos pelo mundo todo, mas a desconstrução da imagem desvalorizada não é simples de fazer.
Como lutar? 
A psicóloga e fotógrafa Marion Caruso fundou o “Projeto Diversidade” divulgando fotografias de valorização do corpo feminino ALÉM dos padrões: são mulheres de todos os tipos, e, pela primeira vez, vejo a inclusão de pessoas com deficiências em ensaios como este. 
Justamente quando conheci este ensaio estava lendo um livro chamado “Inclusão e Sexualidade”, da Ana Claudia Bortolozzi Maia e vi uma citação que cabe direitinho nesse contexto.
Ela fala especificamente sobre o corpo com deficiência, mas acredito que o que é dito pode se aplicar ao corpo fora dos padrões ideais como um todo. Ela cita Sorrentino (1990):

"A percepção que temos no existir humano é feita de comparações diretas e também das comunicações interativas, isto é, da maneira diferente com que as pessoas significativas se relacionam conosco e com os demais. Viver num corpo diferente é viver com o incômodo de se sentir diferente e de ser tratado como diferente. As pessoas na sociedade procuram mimetizar o ideal ou anular a diversidade porque, além da limitação funcional é, sem dúvida, desagradável viver num mundo em que tudo é feito e organizado por pessoas sadias e não deficientes, apesar dos esforços em modificar as estruturas sociais vigentes.
A comparação com a eficiência dos sadios é frustrante e as diferenças seriam mais toleráveis se não representassem uma desvantagem inevitável nas relações sociais e também a possibilidade de, devido ao fato de ser diferente dos padrões, não conseguir a atenção, o amor e a estima dos demais. A dimensão do afeto, ameaçada pelo estereótipo da diferença colabora para que a pessoa com deficiência introjete os sentimentos de menos valor, de perdedor, de excluído”. (pág. 48)
Lido isto, aproveite e admire esta obra de arte linda, sensível e libertadora:  https://www.facebook.com/projetodiversidademarioncaruso


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